Impressões ao dirigir: Volkswagen up!

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Já faz alguns meses desde que o up! foi lançado. Porém, ele ainda é menos comum de se ver nas ruas do que a VW esperava e continua despertando a curiosidade de muita gente, incluindo o editor que vos fala. Por isso, pegamos um move up! para um test-drive prolongado, cujas impressões você poderá ler ao longo deste post.

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O estilo é simpático, chamando atenção por ser menor que quase todos os outros carros e fugir da caretice padrão da marca alemã, mas ainda divide opiniões. Quem compra carro por metro quadrado vai achar o carrinho excessivamente pequeno, enquanto outros vão achar que ele tem jeito de carro de mulher e/ou de brinquedo. Gostando ou não, é impossível ficar indiferente ao up!.

Estilo à parte, o up! é muito bem construído, os vãos entre as peças da lataria são justos e regulares, assim como o acabamento interno é bem montado e não apresenta nenhum tipo de falha. O nível é ótimo para um carro popular. Encontrar a melhor posição de dirigir é uma tarefa simples, o único ajuste que faz falta é o de distância do volante. A ergonomia também é correta, com fácil acesso à todos os comandos. Já os porta-trecos poderiam ser maiores e revestidos com borracha ou carpete, para evitar barulhos ao colocar objetos rígidos.

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Logo ao assumir a direção e rodar os primeiros quilômetros, algumas peculiaridades chamam a atenção do motorista. O motor tricilíndrico emite vibrações que não se sentem em motores de quatro cilindros, mas não chegam a incomodar, e o ronco é diferente de tudo que já se viu por aí, ficando bastante empolgante em altas rotações, muito longe do gemido sofrido de outros motores 1.0.

A direção é eletromecânica, muito mais leve do que uma com assistência hidráulica. Em baixas velocidades, o sistema é bastante anestesiado, o que pode causar estranhamento se o motorista estiver acostumado a dirigir carros com direção hidráulica. Mas como a direção é progressiva, não há problemas com o excesso de leveza, apenas uma falta de “pegada”, compreensível, já que estamos falando de um subcompacto urbano, não de um esportivo.

Por outro lado, a suspensão tem um acerto firme e transmite aos ocupantes cada imperfeição do piso, fazendo com que o carro sacoleje consideravelmente na maioria das nossas ruas. Fica uma sensação de que o carro é leve demais, uma calibragem que permitisse maior filtragem dos solavancos seria muito bem-vinda. Em compensação, a carroceria não tende a inclinar nas curvas e em asfalto liso o up! apresenta um rodar agradável.

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O desempenho é uma grata surpresa. O up! é um dos carros “mil” mais ágeis do mercado, mérito do excelente motor, do câmbio muito bem escalonado e da carroceria leve (o peso do move up! varia entre 915 e 952 kg, dependendo da configuração de equipamentos). A Volkswagen divulga números extremamente otimistas para um 1.0, como 0 a 100 km/h em 12,4 s e velocidade máxima de 165 km/h, ambos com etanol e câmbio manual, mas acelerando o carro na prática nota-se que esses dados estão bem próximos da realidade.

É fácil se empolgar ao acelerar o up!. Mantendo-se acima de 3.000 rpm, o motor responde prontamente ao acelerador e se dá muito bem com rotações elevadas, instigando o motorista com seu ronquinho metálico, que lembra motores maiores. Entretanto, se a ideia é extrair o máximo de economia, subindo as marchas sempre que o computador de bordo pede, é bom não ter pressa, pois na casa dos 2.000 rpm as respostas são apáticas. E como a cabine conta com um bom isolamento acústico, não é raro pegar o conta-giros apontando rotações mais elevadas sem que o motorista perceba.

Apesar do habitat do up! ser urbano, ele se comporta bem também nas estradas, mesmo que suas limitações fiquem mais evidentes. Ele não tem aquela reserva de potência que garante baixos giros em velocidade de cruzeiro e força de sobra para ultrapassagens, mas consegue trafegar com dignidade, mantendo um ritmo adequado para rodar na faixa da esquerda. Mesmo em altas velocidades, os freios seguram bem o carro e transmitem segurança.

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Por falar em segurança, este é um dos maiores atributos do up!, que é nada menos que o carro nacional mais seguro. O compacto tirou 5 estrelas na proteção para adultos e 4 para crianças. O modelo conta com uma recheada lista de itens de segurança, que inclui airbags frontais, freios ABS com EBD, apoio de cabeça para todos os ocupantes, sistema Isofix para fixação de cadeirinhas, alerta de frenagem de emergência, entre outros. O cinto subabdominal para o quinto passageiro é a grande mancada, destoando de toda essa segurança. Além da segurança ativa e passiva, o up! possui o menor custo de reparo, com classificação 11 no índice da CESVI, numa escala de 10 a 60.

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O hatch mede apenas 3,60 m, mas consegue aproveitar bem o espaço de sua diminuta carroceria, graças aos eixos posicionados nas extremidades do veículo (o entre-eixos é de 2,42 m), ao minúsculo cofre do motor e ao formato “caixinha”. Assim, dois adultos de estatura mediana conseguem andar no banco traseiro sem muito aperto. Os bancos dianteiros chamam atenção por serem inteiriços, como no antigo Chevette, por exemplo, mas oferece bom nível de conforto. Atrás, não há vidros elétricos sequer como opcionais para nenhuma versão. Já as portas com pintura aparente por dentro no up! soam mais como estilo do que como pobreza e não causam nenhum incômodo. Se esse detalhe não te agrada, uma alternativa é escolher o carro na cor preta, pra lataria interna ficar mais discreta.

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O porta-malas, de 285 l, é bom para a categoria e consegue ser melhor aproveitado com ajuda da prateleira removível (“s.a.v.e.”, sistema de ajuste variável de espaço), já que o compartimento é curto e fundo. Obviamente, trata-se de um modelo urbano, que geralmente roda a maior parte do tempo com apenas uma ou duas pessoas e pouca ou nenhuma bagagem. Não é um carro para cair na estrada, levar a família toda e encher de malas.

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A saída de ar central acima do painel, suprindo a ausência de duas saídas convencionais, é um dos pontos que mais geram dúvida no up!, mas sua eficácia está comprovada. Ar frio é mais denso que ar quente, portanto o frio desce. Essa saída lança o ar para cima, num fluxo direcionado ao fundo do carro, gelando a cabine com eficiência. Além disso, o ar-condicionado do up! não causa perdas significativas de desempenho e consumo.

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A partir da versão move, o quadro de instrumentos é formado por um grande velocímetro acompanhado de mostradores pequenos para o conta-giros e o marcador de combustível, além de um visor digital para o hodômetro e o computador de bordo “infotrip”, que exibe até 10 funções, como relógio, autonomia, consumo médio e momentâneo de combustível, tempo de duração, velocidade média, velocímetro digital e temperatura externa.

Um dos maiores defeitos do up! é sua relação custo-benefício. De série, o carrinho vem pelado nas versões take e move, enquanto o high ainda deixa o ar-condicionado na lista de opcionais e os completos white, black e red são muito caros (custam a partir de R$ 40.190). Para ter um nível aceitável de equipamentos, é preciso estar disposto a gastar com opcionais. O modelo avaliado é exatamente a configuração que traz o pacote básico de sobrevivência: move up! 4 portas com câmbio manual, pintura sólida e os seguintes opcionais: ar-condicionado, direção eletromecânica e “acesso completo” (pacote com vidros dianteiros, travas e retrovisores elétricos, seta nos retrovisores e alarme com comando remoto pela chave canivete). Nesta configuração, o carro custa R$ 36.080, valor alto para um subcompacto 1.0, ainda que seu projeto e conjunto mecânico esteja anos-luz à frente da concorrência.

Veredicto: Podemos afirmar sem medo que o up! é o melhor carro 1.0 do mercado. Se você não precisa de espaço para a família ou de potência de sobra, mas deseja modernidade, segurança e economia, o up! pode te servir muito bem! Não é um popular barato e pau-pra-toda-obra, mas é um excelente carro urbano.

Galeria de fotos

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Texto e fotos: Rafael Susae

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