Inspecionar carros novos? [Alta Roda]


Debater a inspeção veicular ambiental na cidade de São Paulo, que tem a maior frota do país e equivalente à de vários Estados, voltou ao centro das atenções, pois outras regiões metropolitanas deverão também tomar decisões. Afinal, o prefeito Fernando Haddad prometeu em sua campanha isentar da inspeção os veículos leves com até cinco anos de uso e não cobrar mais tarifas dos demais.

Arroubos políticos precisam ser criticados. Está corretíssimo – e sempre foi a posição desta coluna – dispensar da inspeção automóveis novos que passam por rigorosos testes e usam equipamentos antipoluição confiáveis (garantia mínima de cinco anos) depois de apenas quatro meses do primeiro emplacamento. É assim, aliás, em todos os países: obrigação do quarto ano ou quinto ano de uso em diante. Não parece justo, entretanto, impor tarifa gratuita em um serviço que só beneficia parte dos contribuintes, apesar de potenciais ganhos indiretos.


Ainda há muito falatório, sem base técnica. A Secretaria do Verde e Meio Ambiente (SMVA) da Prefeitura saiu com essa pérola: “O impacto para a qualidade do ar será relevante, uma vez que os veículos mais novos contribuem com cerca de 12% de toda a poluição." Nada mais falso. A SVMA deveria focar suas preocupações em veículos a diesel e, eventualmente, motocicletas, sujeitos a desvios de padrão com a tecnologia atual. Donos de automóveis que alteram centrais eletrônicas para aumento de potência são em número ínfimo e nem sempre pegos na inspeção.

Monóxido de carbono (CO), por exemplo, há muito deixou de constituir preocupação. Material particulado (MP) exige atenção em motores diesel, mas estes estão apenas em algumas picapes e SUVs caros. Podem continuar a ser inspecionados até a tecnologia Proconve P7 estar disseminada. Resta o ozônio, cujos precursores são óxidos de nitrogênio (NOx) e hidrocarbonetos (HC). Não se faz medição de NOx porque exige o motor em carga, ou seja, sobre rolos embutidos no solo, o que nem se cogitou na ânsia de inspecionar de qualquer jeito.


Dispensa dos veículos com até quatro anos de uso representaria aumento nas emissões de HC mais reativas (somente veículos a gasolina) de apenas 0,1% da frota que comparece às estações, perda desprezível para a eficiência do programa. E o impacto na atmosfera não é de proporção linear, exigindo mais estudos e menos palpites.

Bobagem, repetida por “ecochatos”: motores feitos aqui são inferiores aos produzidos no exterior e os combustíveis, também. O programa brasileiro de controle de poluição segue bem de perto as normas de outros países. Tanto o diesel (agora com teor de enxofre de apenas 10 ppm, ou S10) como a gasolina (já em 2014) estão alinhados às melhores especificações internacionais. Automóveis no Brasil nem utilizam motores a diesel.

Ganho ambiental para a capital paulista seria expandir a inspeção restrita e focada para ao menos a metade dos outros 38 municípios da região metropolitana. Países europeus e a Cidade do México já proíbem a circulação livre de carros com mais de 20 anos de uso nas regiões centrais das capitais, mas que político teria essa coragem? Mesmo ajustados, essa frota polui até 50 vezes mais que a de carros novos.


RODA VIVA


ANO de 2012 mostrou que forte concorrência entre 49 marcas de autos e veículos comerciais no mercado brasileiro já bateu na lucratividade dos fabricantes e importadores oficiais. Remessas a matrizes no exterior caíram 56%, em relação a 2011. Ainda assim, US$ 2,4 bilhões enviados representaram 2% do faturamento de US$ 120 bilhões do setor.


COM 4,9 metros de comprimento e 1.600 kg de peso, BMW 528i é um automóvel grande, mas ao mesmo tempo ágil, seguro e relativamente fácil de manobrar com a câmera de ré, em tela de 7 pol, no centro do painel. Incrível elasticidade do motor 2-litros turbo/245 cv/36 kgf∙m, ao mesmo tempo suave e sonoro. Conforto garantido por 2,97 m de entre-eixos.


HYUNDAI acertou ao agir, de certo modo discretamente, na decoração do HB20X. Ao contrário das versões normais do compacto, cujo curso limitado das suspensões gerava pancadas secas em lombadas foras do padrão, a “aventureira” não toma conhecimento. Isso sem comprometer demais a estabilidade em curvas e retas no asfalto e no fora de estrada leve.


COMEÇARAM vendas do Toyota Prius, primeiro híbrido que deu certo no mundo e até hoje o mais vendido. Preço, de fato, é bem salgado, R$ 120.830, apesar do subsídio da fábrica. Tem 136 cv de potência. Há perda internas no trem de força, pois o motor a combustão entrega 99 cv e o elétrico, 82 cv. Consumo de gasolina em cidade é inferior ao anotado em estrada.

GENERAL MOTORS também resolveu aderir às caixas de câmbio automatizadas de duas embreagens. Até agora resistia à sua adoção, ao dar preferência aos tradicionais automáticos com conversor de torque. Primeira fábrica está em fase de conclusão no México. Aplicações devem começar na linha Sonic/Trax produzida naquele país.

Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br), jornalista especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. Sua coluna automobilística semanal Alta Roda começou em 1º de maio de 1999. É publicada em uma rede nacional de 98 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no Brasil do site just-auto (Inglaterra).


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