Bom de samba [Alta Roda]


Nesse ano histórico de grandes lançamentos e, principalmente, de novos fabricantes estreando no segmento de hatches compactos, o mais importante do mercado brasileiro, o Chevrolet Onix, de fato, se destaca por, digamos, o conjunto da obra. Comparado ao HB20 e ao Etios, outras novidades de impacto, não é mais bonito que o Hyundai, mas as linhas são bastante atraentes. Não é o mais aerodinâmico (Cx 0,35), porém ganha no espaço interno pela maior distância entre eixos (2,52 m) e largura (1,70 m).


Trata-se do verdadeiro sucessor do Celta como carro-chefe da marca, embora este continue em produção mesmo depois de 2014, quando receberá airbags e freios ABS por obrigação legal. A fábrica prevê vendas médias de 12.000 unidades/mês, em 2013, cerca de 40% além do veterano que acabou de completar 12 anos de mercado com poucas alterações. Sua versão sedã, o Prisma, não é mais fabricada em Gravataí (RS) e terá o Onix sedã como herdeiro. Difícil ficou a sobrevivência do Agile.


Derivado da plataforma mundial GSV, é 3 cm mais estreito e 11 cm mais curto que o Sonic hatch. Mas não herdou dele a coluna de direção com regulagem de distância. O porta-malas menor (265 l contra 280 l) do modelo mexicano deixou mais espaço para pernas no banco traseiro que o brasileiro. O quadro de instrumentos do Onix exibe simplicidade agradável, enquanto o interior é muito bem cuidado.


Interessante a tela tátil multimídia de 7 pol, MyLink (acrescenta R$ 1.200,00, a partir do segundo catálogo). Não possui GPS, mas pode importar de um celular inteligente o aplicativo de navegação BringGo, que custará R$ 100,00. Preço do Onix é competitivo: de R$ 29.990 (motor de 1 litro) com ABS e airbag a R$ 41.990,00 (motor 1,4-litro). Câmbio automático de seis marchas, único entre os compactos, chega em seis meses.


Uma das surpresas os engenheiros conseguiram com os motores. Em resposta às críticas de tecnologias de reco-reco usadas no Brasil, o de 1 litro alcança nada menos de 80 cv (etanol) com oito válvulas e comando simples. Potência igual em relação à sofisticada unidade de duplo comando variável e multiválvulas do HB20, que tem apenas mais 4% de torque. Motor de 1,4 l/106 cv (etanol) entrega mais potência e mesmo torque que o também elaborado e de maior cilindrada do Etios, de 1,5 l.

Inadmissível a GM continuar sonegando dados de consumo de combustível. Birra sem sentido em relação às regras, iguais para todos, do Programa Brasileiro de Etiquetagem, que já agrega 19 fabricantes. Informa, apenas, que os motores ficaram até 6% mais econômicos em relação aos antigos. Sem a transparência dos índices, de pouco vale.

Boa a posição ao volante. Fácil regular a distância do banco por uma barra de um extremo ao outro do assento. O carro mostra-se acertado em curvas, mais para macio do que duro, tem câmbio de engates precisos e desempenho superior à média do segmento para uma massa total entre 1.012 kg e 1.067 kg. Surpreende o conforto acústico pelo isolamento triplo das portas.

Visibilidade traseira pelo espelho interno é deficiente. Abertura do porta-malas pode ser remota, por botão na chave, mas esta tem que estar fora do local da ignição. Porta-luvas pequeno, porém há vários porta-objetos, inclusive tiras de fixação no console de túnel.


RODA VIVA

AMPLIAÇÃO do acordo entre Opel (subsidiária alemã da GM) e PSA Peugeot Citroën pode levar a futura aliança ou mesmo fusão das operações. Não está claro como afetaria filiais fora da Europa, inclusive do Brasil. Carlos Ghosn já havia dito, no Salão de Paris, que “nem Renault nem Nissan teriam sobrevivido sem a aliança”, indicando a grave situação europeia.

FROTA brasileira de veículos de quatro ou mais rodas – 35 milhões de unidades, em 2011 – continua a subir. Em 2010 passou a do México e este ano pode superar a da Grã Bretanha, alçando a sexta posição na classificação mundial. Estatística se refere à frota real e não à teórica (50 milhões), divulgada pelo Denatran, que desconsidera o sucateamento.


HYUNDAI HB20 surpreende pela desenvoltura do motor de 3 cilindros/80 cv, no trânsito urbano, sem decepcionar em estrada, desde que não carregado. Mais áspero que um 4-cilindros, porém de timbre agradável, assim como a atmosfera interna. Bons freios e câmbio manual, em nível acima das suspensões, de pouco curso e que não apreciam piso irregular.

PRIMEIRO Nordeste Autoshow será de 25 a 28 de abril de 2013, em Recife (PE). Organizado pela Reed Alcântara, responsável pelo Salão do Automóvel de São Paulo, exibirá automóveis, motocicletas e barcos, além de fornecedores dos setores. O Nordeste é considerado promissor para feiras e eventos de porte.

INICIATIVA do Detran paulista merece adoção por outros Estados: aviso por carta, com antecedência de 30 dias, sobre vencimento da carteira de motorista. Se esquecido, traz sérios inconvenientes, além de multas. Há prazo adicional de 30 dias, após o vencimento, que dá flexibilidade ao motorista.

Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br), jornalista especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. Sua coluna automobilística semanal Alta Roda começou em 1º de maio de 1999. É publicada em uma rede nacional de 98 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no Brasil do site just-auto (Inglaterra).



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