Peugeot 308: tirando o atraso em busca do sucesso



Há poucos dias começou a campanha de divulgação do Peugeot 308, estrelada pelo jogador de tênis Gustavo Kuerten (Guga). O hatchback médio, como sugere o nome, evoluiu do 307, que foi lançado em 2002 no Brasil e que não passava por alterações visuais há seis anos. Com elementos do sedan 408, equipamentos interessantes e preço competitivo, o leão 308 quer sua parte no segmento que o Hyundai i30 (que muda este ano) é líder, e que possui modelos recentes (como o Fiat Bravo), defasados (como o VW Golf) e que ainda estão por vir (Chevrolet Cruze Sport6). E, forças para vender, o Peugeot tem.



O estilo do Peugeot 308 é uma atualização introduzida em 2011 na carroceria apresentada ao mundo em 2007. A frente é mais ousada que a do 408, e os LEDs diurnos (item presente apenas no Feline) ao redor dos faróis de neblina causam boa impressão , mas a traseira deixa a impressão que se trata de um velho conhecido (até porque ele passou cinco anos à venda em outros países), impressão acentuada pelas lanternas com pouca inspiração e pela tampa lisa. Nem os novos emblemas e a simulação de extrator de ar no para-choque traseiro disfarçam isso. Aliás, esse aplique não cai bem com os modelos Active e Allure que contam com rodas menores, de aro 16''.

 

O interior também é uma evolução do 307 com toques de 408. O volante é familiar, assim como os comandos de rádio (com Bluetooth), tela de GPS retrátil (nos modelos mais básicos, uma tela monocromática vermelha a substitui) e ar-condicionado, o posicionamento dos comandos... Contudo, quem apreciava o ar de minivan que o 307 trazia deverá se frustrar um pouco, pois o painel é menos profundo. O acabamento é bem cuidado e o espaço interno é muito bom – sensação reforçada pelo teto fixo panorâmico Cielo, opcional, que possui área de 4,86 m², o que permite também aos passageiros de trás ver o céu sem contorcionismos. Há outros confortos, como dois descansa-braços na frente e duas saídas de ar para quem senta atrás.

 

Os motores permanecem: 1.6 e 2.0. Infelizmente, não pudemos tirar fotos dos dois propulsores (o motivo você verá mais adiante). Dotado de sistema FlexStart (não é mais necessário o tanquinho de gasolina, de partida a frio), o 1.6 ganhou melhorias para gerar 122 cavalos com etanol (esse propulsor é o mesmo usado na linha 207, mas nela gera apenas 113 cv). O motor 2.0 rende menos que o 1.6 THP (151 x 165 cavalos), e menos torque (22 x 24,5 mkgf, a 4000 x 1400 rpm), tendo a vantagem de ser Flex.

 

Pena também que o câmbio automático Tiptronic permaneça o mesmo (foi introduzido em 2004), com apenas quatro marchas, o que limita o vigor do motor 2.0 e aumenta bastante o consumo, sem falar na fonte de reflexos no acabamento da manopla. Há ainda o câmbio manual de cinco velocidades.


O porta-malas agora possui 430 litros de capacidade, um das maiores do segmento, e superior a alguns sedans médios. O banco traseiro é bipartido. Porém, mesmo na versão Feline, só há uma luz, de tamanho semelhante à do Nissan March, um compacto de entrada.

Os preços do 308 partem de R$ 53 990 (Active 1.6, o modelo preto da oitava foto); já o Allure 2.0 (das fotos de abertura) sai por R$ 59 990, valor que sobe para R$ 63 990 com câmbio automático. E o modelo Feline das fotos custa R$ 75 000.

 

“Proibido tirar fotos”

Durante a avaliação do Peugeot 308, fomos surpreendidos por uma atitude tomada pelo gerente da concessionária Riviera. Ninguém poderia tirar fotografias dos carros. O argumento? O pior possível: existiam fotos dos modelos no site e no vídeo da marca! Nunca, em quase três anos, fomos impedidos de fazer imagens dos carros em uma concessionária (em 2010, não pudemos entrar no estacionamento de um hotel onde ficavam modelos de testes da Chevrolet). Tudo bem que não fizeram isso à força, de modo que o Auto REALIDADE não ficou privado das fotos que já haviam sido armazenadas, mas é uma atitude totalmente impensável.

Se nós estamos num local que qualquer pessoa pode visitar e não estamos lhe tirando a privacidade, mostrando seu nome e seu rosto, ou revelando as placas de licença de seus carros, podemos tirar fotos, sim. E não há o que temer em relação ao 308, pois é uma boa compra. Não poderíamos nos contentar com o conteúdo que a Peugeot oferece pela Internet.

Se o critério da autorizada Riviera for rigorosamente este, por que ela não impede uma grande emissora de televisão local de fazer vídeos na concessionária para divulgar seus carros? Ninguém pode tirar fotos do 308 que a autorizada pôs num caminhão-plataforma próximo a um shopping center? Definitivamente, sujaram a imagem da Riviera à toa.

 

Veredicto: esperamos que a Peugeot seja recompensada em vendas por trazer um produto em pé de igualdade do que se compra na Europa, ao invés de requentar o 307 no Brasil. O conjunto mecânico foi mantido, mas na maioria dos quesitos o 308 é novo – e muito bom. Ele vai agradar em cheio aos fãs do 307 e ao público novidadeiro, especialmente os que gostaram das luzes de LEDs, do teto panorâmico... E chega a ser até uma opção interessante ao 408, contando que não seja o THP.  Só esperamos que o lançamento de seu sucessor (que poderá se chamar 301 ou 309) não esteja tão próximo, a ponto de estragar em pouco tempo o investimento que a marca do leão realizou agora.

 

Nota Final

8,9


Comercial do Peugeot 308



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