Coitados dos renegados



Nem sempre um bom carro é sinônimo de vendas. Veja os casos de Renault Symbol, Nissan Sentra, Ford Focus e Citroën C4 hatch. Estão entre as melhores relações custo-benefício da sua categoria, já venceram testes comparativos, mas ainda assim nunca deslancharam no mercado. Para tentar descobrir o motivo que afasta os consumidores deles, conversamos com vendedores de concessionárias e de lojas multimarcas e com especialistas do mercado para descobrir qual é o mistério que os envolve.

O Symbol é um exemplo típico. Só teve 838 unidades em setembro, contra 4 891 de Sandero e 3 149 de Logan, ambos da Renault. Segundo especialistas, o grande problema do Symbol foi a falta de divulgação no seu lançamento, em abril. A própria Renault confirma que não fez uma grande ação de marketing para o novo sedã, pois tinha um objetivo maior: promover Sandero e Logan. “Temos a primeira chance de ter um carro [Sandero] entre os dez mais vendidos do Brasil. Nosso orçamento é limitado e priorizamos esses dois carros”, diz Cássio Pagliarini, diretor de marketing da montadora.

Já o novo Focus padece de dois problemas.



Em parte ele sofreu por não ser flex, já que a maioria de seus rivais é bicombustível, especialmente no caso do sedã. Mas também há a falta de publicidade. “A Ford só começou a investir em propaganda recentemente para ele concorrer com o Hyundai i30, que está vendendo bem”, diz um funcionário da autorizada Ford Forte (SP). “Se a marca não fosse conservadora, teria mais propaganda e os clientes conheceriam mais o carro.”

O marketing agressivo da Hyundai e a garantia de fábrica de cinco anos para o i30 são culpados, de acordo com vendedores da Citroën e lojistas independentes, pelos baixos números do C4 hatch (901 carros em setembro).



Como foi lançado no mesmo período do i30 (1 723 unidades), o C4 perdeu os interessados num hatch equipado, que acabaram indo às concessionárias da marca coreana.

Fabricado no México, o Sentra enfrenta o preconceito de ser importado. “O consumidor não se sente à vontade em comprá-lo”, disse um vendedor da concessionária paulistana Itavema.



Lançar a versão flex até melhorou seus números, mas mesmo assim o sedã vendeu apenas 354 unidades em setembro, contra 1204 da minivan Livina, produzida aqui. “Sentra é um carro que só compra quem conhece”, afirma um vendedor da Nissan Itavema. “O comercial de lançamento também afastou os clientes, que o acabaram associando a um ‘carro de tiozão’, apesar de a marca querer mostrar o contrário.”

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